No dia 06 de março, Silas Fiorotti, membro do Coletivo por uma Espiritualidade Libertária, defendeu tese de doutorado em Antropologia Social na Universidade de São Paulo (USP). A tese, intitulada A Igreja Universal e o espírito da palhota: análise dos discursos “religiosos” e “políticos” da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) no sul de Moçambique, em breve estará disponível na Biblioteca Digital de Teses da USP.
“Qual deve ser o lugar da religião na educação básica?”, este é o título do artigo publicado recentemente no portal Educação & Participação. O artigo de autoria do pesquisador Silas Fiorotti, membro do Coletivo por uma Espiritualidade Libertária e coordenador do projeto “Diversidade religiosa em sala de aula”, apresenta uma reflexão sobre o lugar da religião na educação básica e sobre o ensino religioso. O autor defende que a abordagem das religiões nas escolas pode contribuir no sentido de combater a intolerância religiosa:
“O argumento de que crianças pequenas não podem ser expostas a conteúdos religiosos conflitantes ao que recebem em casa –-argumento daqueles que defendem a exclusão de qualquer abordagem das religiões-– ignora que muitas destas crianças pequenas acabam negando suas próprias identidades religiosas dentro das escolas. Por isso, é preciso pensar em uma forma de abordar as religiões até mesmo com crianças pequenas. Não se trata de utilizar diferentes crenças para promover o respeito aos direitos humanos, mas sim de enfatizar que adeptos de diferentes crenças ou descrenças podem assumir publicamente suas identidades religiosas ou arreligiosas, merecem respeito e amizade, não podem ser obrigados a rezar ou orar, e não são simplesmente pessoas atrasadas, perigosas, sujas, estúpidas ou cheias de demônios.”
“É fundamental abordar as religiões na educação básica, isto não deve ser confundido com momentos de rezas ou orações, ou mesmo com aulas de ensino religioso comprometidas com determinadas confissões religiosas. As escolas podem ceder algum espaço para atividades religiosas em horários alternativos ou podem convidar religiosos para palestras e diálogos – isto não fere o princípio da laicidade. Mas o principal compromisso deve ser com a liberdade religiosa dos próprios estudantes.”
O artigo completo pode ser acessado através deste link.
O curso de extensão universitária “Diversidade religiosa em sala de aula” está com as inscrições abertas. Este curso é coordenado pelo Coletivo por uma Espiritualidade Libertária.
O curso é voltado para professores e demais profissionais da educação básica e comunidade, mas aberto a interessados em geral, graduados e graduandos em qualquer área. Serão 5 módulos (20h) com 5 encontros presenciais (sábados das 8h00 às 12h00) mais leituras e atividades a distância.
O primeiro encontro presencial será no dia 20 de maio (sábado) a partir das 8h00, no Centro de Pós-graduação do Complexo Educacional FMU, localizado na Rua Vergueiro, 107, Liberdade (próximo ao metrô São Joaquim), aqui na cidade de São Paulo. Compareçam!
Módulo 1: Diversidade religiosa e direitos humanos
Módulo 2: Intolerância religiosa no Brasil e em sala de aula
Módulo 3: Elementos para promover e valorizar a diversidade religiosa
Módulo 4: Diversidade religiosa nos materiais didáticos e objetos de aprendizagem
Módulo 5: Diversidade religiosa no planejamento das aulas
O Coletivo por uma Espiritualidade Libertária anuncia o lançamento do primeiro número do informativo “Diálogos & Espiritualidade” (2017) que aborda a questão da intolerância religiosa. Essa publicação está no âmbito das atividades da Campanha Contra a Intolerância Religiosa e do projeto “Diversidade religiosa em sala de aula”. Para saber mais sobre a Campanha Contra a Intolerância Religiosa, leia o texto “É preciso dizer não à intolerância religiosa no Brasil” de Amauri Alves e Silas Fiorotti. E para saber sobre o projeto “Diversidade religiosa em sala de aula”, leia o texto “Por que falar de religião em sala de aula?” de Silas Fiorotti.
No dia 08 de dezembro (quinta-feira) a partir das 19h, ocorrerá a II Feira dos Direitos Humanos da organização Conectas Direitos Humanos, aqui na cidade de São Paulo. A feira contará com a exposição de 28 projetos relacionados à promoção da cidadania e dos direitos humanos e cerca de 100 participantes.
O evento será realizado em comemoração ao Dia Internacional dos Direitos Humanos, com o objetivo de divulgar e fortalecer a luta pela defesa dos direitos fundamentais através de um grande encontro entre pessoas que trabalham ou se interessam pela área.
O Coletivo por uma Espiritualidade Libertária foi selecionado para expor o projeto “Diversidade religiosa em sala de aula” e as ações da “Campanha Contra a Intolerância Religiosa”.
A II Feira dos Direitos Humanos ocorrerá na sede da Conectas, localizada na Avenida Paulista, 575, Edifício Barão de Ouro Branco, 19º andar (próximo ao metrô Brigadeiro), São Paulo, SP. Informações: 11 3884 7440, comunicacao@conectas.org.
Convide o Coletivo por uma Espiritualidade Libertária para ministrar uma oficina ou palestra na sua escola, organização ou instituição religiosa. Entre em contato conosco: espiritualidadelibertaria@gmail.com.
Com as discussões sobre o ensino religioso, muita gente defendeu a retirada total da religião das escolas em nome da laicidade. É claro que as soluções dadas ao ensino religioso que, por sua vez, já foi instituído de forma problemática, não foram boas. Mas o ponto que eu quero destacar aqui é que a exclusão de qualquer abordagem das religiões por si só não garante a laicidade de qualquer escola ou do processo de ensino-aprendizagem.
Muita gente ainda pensa que o surgimento da laicidade foi fruto de uma demanda estritamente política ou jurídica, sem a atuação ou interferência de religiosos. Isso não é verdade. O avanço da laicidade em diversos países também é fruto da luta das minorias religiosas por reconhecimento, muitas vezes contra os interesses das religiões ou instituições religiosas estatais. Nesse sentido, a laicidade também é observada pela garantia de existência, garantia de visibilidade e respeito às minorias religiosas.
Pensando ainda que a laicidade é observada quando as minorias religiosas são respeitadas, podemos dizer que um ensino religioso que invariavelmente privilegia somente os católicos e os evangélicos, religiosos que possuem grande visibilidade na sociedade brasileira, dificilmente contribuirá no sentido de combater a intolerância religiosa e promover o respeito às minorias religiosas (principalmente os candomblecistas e os umbandistas, entre outros grupos).
No Brasil a intolerância religiosa está diretamente ligada ao racismo. Não tenho a intenção de discorrer sobre isso aqui, mas muitos negros ainda sofrem com o estigma e acabam negando sua identidade étnico-racial. Isso vem sendo denunciado e combatido, o que tem levado ao desenvolvimento de uma cultura negra e à afirmação dessa identidade por parte de muitos jovens. A escola tem esse papel de garantir que muitos jovens não acabem negando suas identidades religiosas por conta de estigmas e preconceitos, inclusive de cunho racista.
Aqui em São Paulo, o Coletivo por uma Espiritualidade Libertária, iniciou o projeto de extensão “Diversidade religiosa em sala de aula”. Você, professor ou profissional da educação, venha dialogar conosco. Precisamos nos comprometer com a valorização da diversidade e o combate à intolerância religiosa.
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Silas Fiorotti é cientista social, doutorando em Antropologia Social, e coordenador do projeto Diversidade Religiosa em Sala de Aula do Coletivo por uma Espiritualidade Libertária. E-mail: <silas.fiorotti@gmail.com>.